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ALICERCE (2023)

Atualizado: 3 de jun.


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Em Alicerce, díptico a óleo, as imagens que vemos inscritas em forma de tatuagem são Adinkras, um conjunto de símbolos originários da etnia Ashanti do povo Akan da África Ocidental, atualmente localizados em países como Gana e Burkina Faso. Trabalhando no campo da linguagem, essa tecnologia ancestral de mais de 500 ideogramas expressa a complexidade cultural Akan, como suas normas sociais, códigos de conduta e ideias filosóficas, além de possuir um papel religioso invocativo. Os Adinkras da obra são chamados de Sankofa e apresentam o significado de “voltar para buscá-la” ou “volte e pegue”, pensando o passado como prelúdio fundamental para o presente e o futuro.


Lélia Gonzalez, importante intelectual negra e militante política, participante da fundação do Movimento Negro Unificado na década de 1970, denuncia em seus escritos o tratamento à população afro-diaspórica e seus descendentes em terras brasileiras. Para ela, o processo de exploração iniciado em 1550 com o tráfico negreiro não se encerra em 1888, com o sancionamento da Lei Áurea, mas ainda é perpetuado através de antigos sistemas segregacionistas, hierárquicos e ideológicos. A figura de Lélia Gonzalez, mesmo após sua morte, é combustível para um movimento político de Sankofa: pleitear ações afirmativas e de regate de memória que interrompam nossa longa história de marginalização racial.


Em Alicerce, as tatuagens se propõem a ativar o corpo enquanto zona de acúmulo e manutenção de uma biblioteca simbólica de um grupo, onde códigos visuais podem encontrar caminhos para se transformar em formas de resistência.




Alicerce, 2023

Díptico a óleo 80cm x 60cm (cada)

 
 
 

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