Território em Disputa (2023)
- Carol Westt
- 3 de jun
- 2 min de leitura

Território em Disputa é constituído por um espelho ao centro de um toco de madeira serrado horizontalmente, ornamentado com diversos cacos de azulejos portugueses. Na lateral do toco, que preserva boa parte da casca, vemos um espaço onde está impresso uma padronagem Tupinambá em preto e vermelho.
Retoma a investigação de Composição Fragmentada, obra de 2022 que traz materiais similares para pesquisar a identidade brasileira como um atravessamento de conflitos, em principal os causados pela colonização portuguesa a partir do século XVI.
O trabalho se desenvolve a partir da pergunta ‘Qual o impacto da colonização portuguesa no nosso senso de identidade brasileira?’, ou seja, como a história do nosso país contribui para nossa relação com a ideia de sermos brasileiros - mesmo que essa identidade se configure múltipla, conflituosa e complexa. Se constrói na premissa de que a dominação também se apresenta como regime estético, evidenciando o lado vencedor do embate cosmológico entre conquistadores e nativos.
Elementos manufaturados e de origem estrangeira se apresentam à frente, enquanto elementos naturais e orgânicos estão ao fundo, quase inteiramente camuflados ainda que essenciais à manutenção da estrutura da peça. Uma padronagem aparece na lateral da madeira, constituída por linhas retas e formas preenchidas em preto sobre fundo vermelho.
Os Tupinambá foram um dos povos originários encontrados pelos portugueses ao atracarem na costa litorânea da Bahia. Tais padronagens são produzidas com tinta extraída do jenipapo e do urucum, de cor respectivamente preta azulada e vermelha. O padrão seria uma forma de afirmação identitária indígena, demarcando especificidades étnicas.
Território em Disputa objetiva completar-se no momento em que o fruidor contempla o
espelho, enxergando-se figura central - física e metaforicamente - da narrativa ali posta.
Entende-se que para além do espaço geográfico, o sujeito e sua subjetividade são zonas de disputas políticas.
Referências:
PAIVA, Anderson dos Santos. Arte Gráfica e Pintura Corporal Tupinambá de Olivença, 2007. Disponível em: <https://www.cult.ufba.br/enecult2007/AndersondosSantosPaiva.pdf>
Terrítório em Disputa, 2023 Cacos de azulejo, espelho e tinta a óleo e acrílica sobre toco de madeira
25cm de diâmetro x 5cm de largura


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